Quando você percorrer longas distâncias sozinho, escute os próprios pensamentos

Quando você percorre longas distâncias sozinho, uma boa maneira de vencer o trajeto é escutar os próprios pensamentos. Dá para ficar melhor se você propor uma conversa com sua consciência. Faço bastante isso quando estou me deslocando pela cidade e funciona muito bem para organizar os pensamentos, os projetos e as intenções da cabeça e do coração. Tiro melhor proveito quando estou pilotando minha moto, os pensamentos fluem que é uma beleza, converso tanto que nem vejo o tempo passar.

Quando eu era criança, ouvia as pessoas dizerem que quem conversava sozinho era louco ou estava em contato com espíritos maus. Mas eu, maluco? Não creio. Sei reconhecer um louco, o mundo está cheio deles. Eu devo ser normal. Tampouco falo com espíritos: nunca fui tão bom de conversa. Meus papos fluem mais entre os amigos, com desconhecidos, às vezes, fica meio forçado.

É mais fácil conversar com quem tem algo em comum, embora eu seja um jornalista e tenha muita curiosidade sobre tantas outras coisas que não estão em meu pequeno universo. Ou seja, profissionalmente, eu até poderia falar com espíritos, mas no âmbito particular fica difícil. Desinteresse? Não, necessariamente. Quem me vê parado em um semáforo, murmurando para mim mesmo, pode pensar que estou perturbado.Eu declaro o contrário, quem não faz questão de ouvir a própria voz corre ocasionalmente o risco de não saber responder a muitas questões, tanto as feitas pelos outros, como aquelas que nossa própria consciência costuma nos propor.

Estou convencido de que falar consigo mesmo é uma prática essencial para desenvolver duas habilidades raras nos dias de hoje: a de ouvir melhor e a de apreciar o silêncio.