top of page

Crônica molhada

Foto do escritor: JordinoJordino

Atualizado: há 6 dias

Crônica sobre chuva

Crônica: Estou pronto para sair de casa rumo ao trabalho, isso antes das 8h. Abro a cortina só para espiar o tempo. Está bem chuvoso, como todos os outros dias da semana. “We here go again”, diria CJ. Chego no escritório sob forte chuva, guardo algumas coisas, ajeito minha mesa, ligo o computador. No canto do monitor, pisca um widget informando a previsão do tempo. Na sala ao lado, como de costume, meu chefe ouve uma estação de rádio que só toca notícia o dia todo. Os jornalistas comentam sobre os prejuízos das enchentes Brasil afora e alertam sobre o risco de mais chuvas. Minha rotina segue normalmente, com o dia mais molhado do que nunca.


Com os afazeres e no conforto do meu cantinho de trabalho, eu quase não sinto o efeito da chuva, a verdade é que resta pouco tempo para observá-la. Entre uma tarefa e outra, abro o WhatsApp para checar novas mensagens. Recebo um vídeo de uma rua alagada no centro da cidade. Olho pela janela, conferindo se a mesma chuva a poucos metros de mim é a mesma que está causando os estragos do tal vídeo.


O dia segue, um colega ao lado canta desafinadamente “Chuva, Chuvisco, Chuvarada”, canção eternizada pela turma do Cocoricó. Ele tem criança em casa. Logo sou absorvido pelos compromissos da agenda, tenho que responder clientes, projetar novos conteúdos, enviar e-mails, esqueço da chuva. O tema, porém, volta à tona quando o mesmo colega cantarola, agora um pouco mais afinado, “Medo da chuva”, de Raul Seixas. Instantaneamente, olho pela janela, conferindo que o céu ainda estava em prantos. Levanto, tomo um café, volto para minha mesa, abro o GE e confiro se o Neymar já está apto a estrear pelo Santos. Sim, e a matéria ainda estampava o craque já treinando sob uma forte chuva no CT do alvinegro praiano.


O dia avança, a essa altura, bem ensopado. Meu chefe desliga o rádio, sinal de que estava encerrando seu expediente, não sem antes eu ouvir vagamente que a chuva causava algum estrago em algum lugar que não entendi direito. Logo chega meu horário também. Encaro a chuva, voltando para casa. O trânsito está caótico.


Com um pouco de demora, chego. Como alguns bolinhos de chuva, ligo a TV despretensiosamente. Na faixa nobre do noticiário local, de canal em canal, o tema era o mesmo: a chuva que não parava de cair. Chuva, chuva, chuva. Não se fala de outra coisa. Desligo a TV, vou para o banho, embaixo do chuveiro penso no quanto este tema pode ser pertinente no dia a dia.


“Será que chove?” Sempre foi uma boa desculpa para inaugurar uma conversa. Óbvio que em tempos diluvianos a pergunta seja outra. “E aí, quando para essa chuva, hein?”. Janto, assisto a uma chuva de gols num estadual qualquer. O sono chega. Minha esposa me chama para dormir. Me deito. Beijo-a e lhe dou boa noite. Ela responde carinhosamente, acrescentando “é tão bom dormir com esse barulhinho de chuva”.

Posts Relacionados

Comments


Jordino é jornalista, escritor e compositor
jel.png
Eu sou o Jordino, o escritor que administra este site. Aqui, compartilho reflexões que conectam literatura, filosofia e o dia a dia, sempre buscando provocar boas perguntas e momentos de pausa em meio à correria. Também estou no Youtube é só clicar no ícone abaixo.
  • YouTube

Assine a newsletter Jordinalismo  e receba as novidades

Prontinho. Obrigado!

fav

Jordino Neto

©2025 por jordino.com.br

bottom of page