
Tem um canal excelente no Youtube chamado Ciência Todo Dia, do simpático divulgador científico Pedro Loss. Por lá aprendi que o nosso cérebro recorre a “uma certa licença poética na hora de reconstruir os fatos do nosso passado”. Sabe o que também é bem poético, seu Loss? Essa sua explicação. Sério, eu adorei.
Bom, mas este texto não é sobre um canal no YouTube com quase sete milhões de inscritos. O primeiro parágrafo é só um gancho para tratar de um assunto recorrente por aqui: a memória. Não sei como é isso para outros cronistas, mas a memória é uma das minhas principais matérias-primas. Conforme a explicação do simpático Loss, nosso cérebro pode criar memórias que jamais aconteceram, ou que não são exatamente como lembramos ser, isso porque ele não tem capacidade para armazenar 100% da informação. Ele guarda as partes mais importantes.
Todo esse enredo é para explicar o título dessa crônica. Sim, eu tenho uma memória com a velha contrabandista. E meu cérebro, poeticamente, deve ter misturado essas lembranças com um monte de outras informações. Não me lembro bem se foi na terceira ou quarta série, muito menos o contexto, sei que escutei a leitura deste texto maravilhoso do Stanislaw Ponte Preta por minha professora. Guardei por muito tempo as palavras-chave: velha e lambreta.
Após anos, quando comecei a me interessar um pouco mais por leitura, tive contato com o livro Dois Amigos e um Chato, do autor em questão. Lá pela página cinquenta, constava a referida crônica. Quando a li, meu cérebro, poeticamente, revelou que aquele enredo era familiar. Foi muito satisfatório.
E agora, escrevendo, poeticamente, meu cérebro parece sugerir que foi lá na terceira ou quarta série, durante a leitura desta crônica, que ouvi pela primeira vez a palavra alfândega. Poeticamente, eu até cheguei a perguntar para a professora o que era aquilo: al-fân-de-ga.
E agora, dito isso, tenho minha justificativa para atestar que o cronista também pode ser um poeta se usar bem o recurso da memória. Concluo que o recurso poético do nosso cérebro é muito vantajoso para nós cronistas, tudo se torna mais tocante, sensível, bonito, intenso e sem isso teríamos apenas relatos. Poeticamente, desejo que seja assim, uma Crônica Todo Dia.
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