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A Obsessão pela aparência: Como 'O Retrato de Dorian Gray' antecipou os dilemas da era das redes sociais

"O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde, foi publicado em 1890, em uma época marcada pelo auge da Era Vitoriana na Inglaterra, um período caracterizado por um rígido código moral e valores conservadores. A sociedade vitoriana valorizava a aparência e as convenções sociais, muitas vezes em detrimento da virtude e da integridade moral. Wilde, conhecido por sua sagacidade e críticas sociais, escreveu a obra como uma reflexão e crítica ao culto à beleza e à hipocrisia moral de sua época.


Na década de 1890, o movimento estético, do qual Wilde era um dos principais expoentes, estava em pleno vigor. Esse movimento enfatizava "a arte pela arte", a ideia de que a beleza e a experiência estética são valores em si mesmos, desvinculados de preocupações morais ou utilitárias. Em contraste, a sociedade vitoriana era notoriamente dualista, com uma fachada de respeitabilidade e uma realidade muitas vezes bem diferente.


Aparência e virtude em "O Retrato de Dorian Gray"


No romance, Dorian Gray é um jovem de beleza extraordinária, cuja vida muda ao conhecer o pintor Basil Hallward e o hedonista Lord Henry Wotton. Quando Dorian expressa o desejo de que seu retrato envelheça em seu lugar, permanecendo ele jovem e belo para sempre, o desejo se realiza. Enquanto Dorian se entrega a uma vida de excessos e decadência moral, sua aparência permanece impecável, enquanto o retrato revela os sinais de corrupção de sua alma.


A relação entre aparência e virtude é central à trama. Wilde constrói uma narrativa onde a aparência externa de Dorian não reflete sua verdadeira natureza. A sociedade o vê como um jovem encantador e irrepreensível, mesmo quando ele comete atos cada vez mais vis. Esse contraste entre aparência e realidade é uma crítica ao culto à superficialidade e à tendência de julgar os outros com base em sua aparência, ignorando a virtude.


Dorian Gray representa a personificação da sociedade vitoriana: bela na superfície, mas corroída por dentro. Sua busca incessante pela beleza e pelo prazer, à custa da virtude, leva-o à ruína. O retrato, que gradualmente se torna mais hediondo, é uma metáfora para a degradação moral de Dorian, invisível para os olhos do mundo, mas implacavelmente verdadeira.


Recepção e impactos


Quando foi publicado, "O Retrato de Dorian Gray" gerou controvérsia. A sociedade vitoriana criticou a obra por sua suposta imoralidade e por seu retrato franco da decadência. Wilde foi acusado de corromper a juventude e de promover valores subversivos, mas a obra também foi elogiada por sua profundidade e por sua crítica penetrante à sociedade.


O impacto da obra foi significativo, tanto em termos literários quanto culturais. "O Retrato de Dorian Gray" continua a ser uma das obras mais estudadas de Wilde, reverenciada por sua exploração das complexidades da moralidade, da identidade e da estética. O livro questiona a superficialidade da sociedade, ao mesmo tempo em que examina a relação entre beleza, arte e moralidade, tornando-se um marco da literatura gótica e um símbolo duradouro da crítica social.


Hoje, a obra é vista como um estudo atemporal das tentações e dos perigos da superficialidade e do narcisismo, temas que ressoam fortemente na era moderna, onde a imagem pública e as aparências continuam a dominar o discurso social. Wilde, através de Dorian Gray, nos desafia a olhar além da superfície e a reconhecer a importância da virtude como um contrapeso à obsessão pela aparência.


A Cultura do "Retrato Perfeito"


"O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde, é uma obra que transcende seu tempo, oferecendo insights profundos sobre a natureza humana e a sociedade. Embora tenha sido escrito no final do século XIX, o romance é surpreendentemente relevante para a era digital, especialmente em relação à obsessão contemporânea pela aparência, amplificada pelas redes sociais. Perfis cuidadosamente curados, filtros que aprimoram a beleza e uma ênfase na perfeição criam um "retrato" digital que, assim como o de Dorian, frequentemente oculta a verdade.


Wilde anteviu, com uma clareza impressionante, os perigos de uma sociedade que valoriza a aparência acima de tudo. Hoje, essa visão se concretiza na cultura do "retrato perfeito" que as redes sociais promovem. Assim como o retrato de Dorian esconde a verdadeira decadência de sua vida, as redes sociais muitas vezes mascaram a realidade, oferecendo uma versão editada e polida da vida das pessoas.


No entanto, ao contrário de Dorian, que enfrentou a destruição como consequência de sua obsessão, temos a oportunidade de aprender com essa obra e refletir sobre nossas próprias práticas digitais. "O Retrato de Dorian Gray" nos desafia a questionar até que ponto estamos dispostos a sacrificar a verdade e a virtude por uma imagem idealizada.


Na era das redes sociais, a virtude pode ser comprometida em nome da imagem. A pressão para se conformar a ideais de beleza e a expectativas sociais irreais pode levar a problemas de autoestima, ansiedade e, em casos extremos, a comportamentos autodestrutivos. O culto à aparência, exacerbado pelo feedback constante e imediato das plataformas digitais, ecoa o dilema de Dorian, que sacrifica sua moralidade pela juventude eterna.


O Livro


O Retrato de Dorian Gray

Em 1890, Londres testemunhou a criação de uma história que mescla imortalidade, beleza e criminalidade, nascida da mente de Oscar Wilde. "O Retrato de Dorian Gray", único romance do autor, narra a saga de um jovem cuja beleza permanece intocada enquanto seu retrato envelhece e se degrada. A obra, inicialmente censurada por seu conteúdo subversivo, chocou a sociedade vitoriana ao explorar temas como paixões proibidas e a relação entre arte e moralidade. Agora, a DarkSide® Books lança uma edição especial que inclui a versão sem censura, novas traduções e conteúdos exclusivos, proporcionando uma experiência enriquecida aos leitores. Este romance clássico convida à reflexão sobre o preço da beleza e a busca pelo prazer, desafiando as convenções sociais e morais. Compre o seu aqui


Sobre o autor Oscar Wilde


O Retrato de Dorian Gray

Oscar Wilde (1854-1900) foi um dos escritores mais brilhantes e controversos do final do século XIX. Nascido em Dublin, Irlanda, Wilde era conhecido por sua sagacidade afiada, seu estilo de vida exuberante e sua defesa apaixonada do movimento estético, que pregava a "arte pela arte". Educado em Oxford, ele se destacou como poeta, dramaturgo e romancista, mas foi sua prosa satírica e suas peças de teatro, como "A Importância de Ser Prudente", que o consagraram como um dos maiores escritores de sua época.


Wilde vivia em Londres durante a Era Vitoriana, período marcado por normas sociais rígidas e moralismo. Ele se destacou por desafiar essas convenções com sua obra e sua vida pessoal. Seu único romance, "O Retrato de Dorian Gray", causou furor na época por sua abordagem ousada sobre moralidade, beleza e decadência.

Além de seu trabalho literário, Wilde é lembrado por sua trágica queda em desgraça.


Acusado de "indecência grosseira" devido a sua homossexualidade, foi condenado a dois anos de trabalhos forçados, o que arruinou sua carreira e saúde. Após ser libertado, exilou-se na França, onde morreu na pobreza em 1900. Oscar Wilde deixou um legado duradouro como um dos grandes provocadores da literatura, cuja obra continua a ser celebrada por sua inteligência, irreverência e crítica social.

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