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A crônica de Rubem Braga

Foto do escritor: JordinoJordino

Atualizado: há 1 dia

A crônica de Rubem Braga

Quando você entra no universo da crônica, muitos nomes irão orbitar seus pensamentos. Eles aparecerão, cada um ao seu estilo, apresentando leituras muito agradáveis. De diversas formas, essas narrativas podem conquistar sua atenção: tocantes, reveladoras, sarcásticas, emblemáticas, tristes, alegres, cheias de nuances ou, talvez, diretas ao ponto. No entanto, com Rubem Braga, tudo isso é possível encontrar. Ao longo de quase 60 anos, ele marcou presença constante na imprensa brasileira, oferecendo crônicas que captavam o cotidiano e despertavam o interesse dos leitores.


Rubem Braga fazia uso de uma linguagem simples e direta. Seus textos frequentemente pareciam uma conversa entre conhecidos; ora provocando, ora justificando-se. Ao longo de sua vida, publicou mais de quinze mil textos. O fato de escrever essencialmente para jornais trazia certas limitações à sua criação, como prazos determinados para entrega e o espaço restrito na diagramação. Os caracteres eram contados, como ocorre hoje em algumas redes sociais. Essas restrições, conforme aponta Lúcia Miguel Pereira em um ensaio sobre os primeiros 50 anos da literatura brasileira do século 20, publicado no “Correio da Manhã”, fizeram o cronista concentrar sua escrita no menor elemento capaz de dar sentido às coisas: a palavra.


“Isso o fez se valer de um vocabulário cotidiano, de preferência numa ordem direta, sem rodeios, nem firulas, mas que ainda guardava certa ambição de capturar o sublime do dia a dia, que vai acontecendo nas ruas, na frente de todos, todos os dias, e que, eventualmente, se perde na velocidade da modernidade,” constata Rafael Ireno, mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.


Percebe-se, assim, na crônica de Rubem Braga, um olhar atento ao cotidiano que não se limita a registrar os fatos, mas os transforma em experiências carregadas de novos significados. Essas observações, compartilhadas com palavras eficazes, chegam ao leitor como uma conversa leve e envolvente. Ele vai direto ao ponto sem sacrificar a beleza do que observa no cotidiano.


Antônio Cândido, em seu ensaio “A Vida ao Rés do Chão”, defende que a crônica está muito próxima de nós e, por isso, tem um enorme potencial de humanização, justamente porque se ocupa das pequenas coisas da vida. Ao observar que Rubem Braga é um cronista atento à vida, experimentamos, por meio de sua escrita ágil, simples e direta, significados ricos e cheios de detalhes que muitas vezes se perdem na correria do dia a dia.


Sobre Rubem Braga


Rubem Braga (1913–1990) foi um dos mais importantes cronistas da literatura brasileira. Natural de Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, destacou-se pela habilidade em transformar acontecimentos cotidianos em textos carregados de poesia e reflexão.


Ainda adolescente, aos 15 anos, iniciou sua carreira jornalística no Correio do Sul, em sua cidade natal. Logo passou a escrever reportagens e crônicas diárias para o jornal Diário da Tarde. Mesmo formando-se em Direito pela Faculdade de Belo Horizonte, em 1932, nunca exerceu a profissão. Naquele mesmo ano, cobriu a Revolução Constitucionalista em São Paulo, experiência que resultou em sua prisão.


Braga seguiu para Recife, onde dirigiu a página de crônicas policiais no Diário de Pernambuco e fundou o periódico Folha do Povo. Em 1936, lançou seu primeiro livro de crônicas, “O Conde e o Passarinho”, e fundou a revista Problemas, em São Paulo. Durante a Segunda Guerra Mundial, atuou como correspondente junto à Força Expedicionária Brasileira.


Ao longo da vida, fez várias viagens ao exterior, desempenhando papel diplomático em Rabat, Marrocos, e atuando como correspondente para jornais brasileiros. De volta ao Brasil, trabalhou em diferentes cidades até fixar residência no Rio de Janeiro, onde escreveu crônicas e críticas literárias para o Jornal Hoje, da Rede Globo.


Rubem Braga acumulou colaborações com inúmeros periódicos e participou de diversas antologias, incluindo a “Antologia dos Poetas Contemporâneos”. Em reconhecimento à sua obra, foi condecorado em 1987 com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, em Portugal. Considerado o “cronista do cotidiano”, seu legado permanece uma referência para gerações de leitores e escritores.


Indicação Crônica


Esta obra traz o melhor de Carlos Drummond de Andrade , Fernando Sabino , Paulo Mendes Campos e Rubem Braga , textos que ajudam o leitor a entender, afinal, o que é a crônica. Mas, se precisar mesmo de uma definição, fique com esta: Crônica é um texto tão gostoso de ler que dá até vontade de escrever.


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Jordino é jornalista, escritor e compositor
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Eu sou o Jordino, o escritor que administra este site. Aqui, compartilho reflexões que conectam literatura, filosofia e o dia a dia, sempre buscando provocar boas perguntas e momentos de pausa em meio à correria. Também estou no Youtube é só clicar no ícone abaixo.
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Jordino Neto

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